Estudo clínico demonstra que o ácido tranexâmico oral melhora significativamente a função de barreira cutânea e reduz o eritema em pacientes com rosácea papulopustulosa.
Descubra os benefícios e implicações dessa nova abordagem terapêutica para uma condição crônica que afeta milhões de pessoas.
O problema
A rosácea papulopustulosa (RPP) é uma forma comum de rosácea, predominante em pacientes com diagnóstico recente. Afeta significativamente a estética facial, causando eritema persistente, rubor, sensação de queimação, prurido e ressecamento. Esses sintomas podem impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Um fator crucial no desenvolvimento e na exacerbação da rosácea é a barreira cutânea comprometida. Estudos indicam que pacientes com rosácea apresentam aumento da perda transepidérmica de água (TEWL) e níveis reduzidos de hidratação cutânea, sugerindo um grau maior de dano à barreira cutânea em comparação a indivíduos normais. Além disso, o desenvolvimento da rosácea está associado a fatores genéticos, anormalidades imunológicas inatas e disfunção neurovascular.
O tratamento clínico da RPP continua sendo um desafio. Atualmente, a doxiciclina é o único antibiótico aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para essa condição; contudo, sua eficácia é frequentemente insatisfatória.
Diante disso, torna-se necessário o desenvolvimento de métodos de tratamento mais eficazes. O ácido tranexâmico (TXA) tem se mostrado promissor no tratamento da rosácea papulopustulosa1.
Com propriedades anti-inflamatórias e reguladoras do sistema imunológico, o TXA melhora a função da barreira cutânea, reduzindo a TEWL e aumentando a hidratação da pele.
Estudos indicam que o TXA é particularmente benéfico para pacientes com pele seca, mostrando eficácia superior aos tratamentos tradicionais. Embora mais pesquisas sejam necessárias, os dados atuais sugerem que o TXA pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes com RPP, oferecendo uma alternativa eficaz e segura1.
Este paper apresenta um estudo que visa oferecer insights sobre os benefícios do tratamento oral com ácido tranexâmico na rosácea papulopustulosa, destacando seu potencial em melhorar a função da barreira cutânea e, consequentemente, a condição clínica dos pacientes1.
Tipo de estudo:
Ensaio clínico randomizado, prospectivo, de centro único e controlado.
Questão de pesquisa (PICO):
População: 70 pacientes, com idade entre 18 e 60 anos, diagnosticados com rosácea papulopustulosa, com sintomas de eritema persistente e rosácea papulopustulosa conforme os critérios diagnósticos chineses para rosácea;
Intervenção: A intervenção principal foi o tratamento com ácido tranexâmico (TXA) oral , doxiciclina uma vez ao dia e loção de ácido hialurônico duas vezes ao dia, por 8 semanas (grupo TXA);
Comparador: O grupo de comparação recebeu doxiciclina e loção de ácido hialurônico duas vezes ao dia, por 8 semanas (grupo tradicional);
Resultados (Outcomes): Os principais resultados medidos incluíram o nível de avaliação clínica do eritema (CEA), escore de avaliação global do investigador (IGA), escore de autoavaliação do paciente (PSA) para prurido, ressecamento e sensação de queimação, escore de qualidade de vida específico para rosácea (RQoL), escore de melhora estética global (GAIS), hidratação da pele e perda transepidérmica de água (TEWL).
Referência: J Cosmet Dermatol. 2024 May 7. doi: 10.1111/jocd.16339.
Resultados:
Os resultados principais do grupo TXA mostraram melhora significativa em vários parâmetros em comparação ao grupo de tratamento tradicional:
Na avaliação clínica do eritema (CEA), houve melhora de pelo menos 2 pontos do índice, observada em 85,29% dos pacientes no grupo TXA em 8 semanas, comparado a 36,36% no grupo de tratamento tradicional (p = 0,001);
Na avaliação global do investigador (IGA), foi observada melhora de pelo menos 1 ponto em 76,47% dos pacientes no grupo TXA em 8 semanas, comparado a 42,42% no grupo de tratamento tradicional (p = 0,005);
Além disso, o grupo TXA apresentou aumento significativo na hidratação da pele após 2 semanas de tratamento (p < 0.001) e redução significativa na TEWL no mesmo período (p < 0.001);
O tratamento com TXA resultou em melhoras estéticas globais significativas em 8 semanas, conforme medido pelo GAIS, comparado ao tratamento tradicional (p = 0.046), que são itens importantes na satisfação dos pacientes;
No escore de autoavaliação do paciente (PSA), observou-se melhora significativa no prurido e secura da pele no grupo TXA em comparação ao controle. Na qualidade de vida específica para rosácea (RQoL), foram observadas melhoras significativas em 8 e 12 semanas no grupo TXA (p = 0,020; p = 0,013);
Na análise de subgrupos, os pacientes com pele seca apresentaram melhores resultados no tratamento com TXA em comparação aos pacientes com pele oleosa, incluindo melhora mais evidente no CEA (p = 0,001);
A capacidade do ácido tranexâmico de inibir a atividade da serina protease e de promover a recuperação da função da barreira cutânea destaca seu potencial como alternativa terapêutica promissora no tratamento da RPP.
Benefícios para os pacientes com rosácea papulopustulosa:
Os pacientes com rosácea papulopustulosa podem se beneficiar significativamente do tratamento com ácido tranexâmico oral, pois proporciona melhora rápida e sustentada nos escores de eritema e na avaliação global. Além disso, o TXA reduz sintomas como secura, prurido e sensação de queimação, melhorando o conforto e a qualidade de vida. O tratamento foi bem tolerado, com poucos eventos adversos relatados e sem casos de recidiva. O TXA também demonstrou benefícios estéticos significativos, melhorando a aparência global da pele, o que é importante para a satisfação dos pacientes.
Este estudo evidencia que o ácido tranexâmico oral é uma opção terapêutica eficaz e segura para o tratamento da rosácea papulopustulosa, especialmente em pacientes com pele seca. O TXA não apenas melhora a função da barreira cutânea e reduz os sintomas de eritema e secura, mas também proporciona benefícios estéticos significativos1.
Tipo de estudo:
Ensaio clínico randomizado.
Questão de pesquisa (PICO):
População: 50 pacientes, idade entre 35 e 88 anos, com rinofima inflamada leve a moderada;
Intervenção: Os pacientes foram randomizados em três grupos: (grupo 1) ivermectina uma vez ao dia, (grupo 2) ivermectina duas vezes ao dia e (grupo 3) metronidazol duas vezes ao dia;
Comparador: Comparação entre os três grupos de tratamento;
Resultados (Outcomes): A avaliação clínica incluiu a IESA (avaliação de severidade do eritema pelo investigador) e IGA (avaliação global do investigador da eficácia). A avaliação instrumental foi realizada através de fotografia digital direcionada ao eritema (EDDP) usando o VISIA-CR™. A tolerabilidade e a aceitabilidade cosmética também foram avaliadas.
J Am Acad Dermatol. 2024 Apr 30:S0190-9622(24)00674-1. doi: 10.1016/j.jaad.2024.03.051.
Resultados2:
Após 8 semanas de tratamento, observou-se perfil de sucesso estatisticamente superior nos escores de IESA e EDDP no grupo 2 vs. Grupo 1 e 3, com melhora clínica adicional significativa após 12 semanas;
Os resultados do IGA mostraram aparência "clara" da pele em 10% dos pacientes do grupo 1, 25% do grupo 2 e 20% do grupo 3;
Todos os regimes foram seguros e bem tolerados, sem desistências observadas;
O seguimento mostrou que os pacientes do grupo 2 mantiveram os resultados por mais tempo em comparação aos grupos 1 e 3.
RINOFIMA INFLAMADA2:
O rinofima inflamada é uma forma avançada e grave de rosácea que afeta o nariz. Caracteriza-se por uma hipertrofia e hiperplasia das glândulas sebáceas, resultando em uma aparência aumentada, bulbosa e irregular do nariz. Os sintomas incluem eritema (vermelhidão), poros pilossebáceos dilatados proeminentes e a presença recorrente de pápulas e pústulas.
O rinofima inflamada pode ser considerado uma complicação ou progressão da rosácea papulopustulosa, onde a inflamação e o crescimento excessivo das glândulas sebáceas no nariz levam à deformidade característica.
A: Fotografia digital padrão de um homem de 79 anos afetado por rinofima inflamada moderada com pústulas dispersas e contorno do nariz alterado.
B: Resposta clínica clara (IGA=0) com redução acentuada do eritema e resolução das lesões pustulosas após aplicação duas vezes ao dia do creme de ivermectina 1% por 12 semanas.
O creme de ivermectina 1% aplicado duas vezes ao dia mostra-se como opção terapêutica viável para pacientes com rinofima inflamada leve a moderada, com 60% dos pacientes alcançando um estado de "claro" ou "quase claro"2.
Aviso: Não se auto medique! É fundamental procurar um especialista para receber a orientação adequada e encontrar o tratamento ideal para a sua situação capilar. Cuide-se!
*Consulte um especialista para orientações sobre dosagem e uso seguro destes medicamentos manipulados!
Cápsulas de ácido tranexâmico
Ácido tranexâmico
Excipiente qsp
+
Cápsulas de doxiciclina
Doxiciclina
Excipiente qsp
+
Gel com ácido hialurônico
Ácido hialurônico
Gel base qsp
----RINOFIMA INFLAMADA----
Creme com ivermectina
Ivermectina
Creme base qsp
Literatura consultada
1. Xu Z, Yu B, Xu B, Ye S, Qing Y, Zhao B, Hong S, Wu N, Wu J. Oral tranexamic acid treats papulopustular rosacea by improving the skin barrier. J Cosmet Dermatol. 2024 May 7. doi: 10.1111/jocd.16339.
2. Dall'Oglio F, Nasca MR, Vitale P, Platania H, Micali G. Inflamed rhinophyma treated with topical ivermectin: a randomized controlled study. J Am Acad Dermatol. 2024 Apr 30:S0190-9622(24)00674-1. doi: 10.1016/j.jaad.2024.03.051.
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