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Silimarina reduz a rigidez hepática e modula a microbiota intestinal em pacientes com MASLD.

Foto do escritor: PharmactivaPharmactiva
corpo humano focado no órgão fígado

Estudo revela o potencial terapêutico da silimarina na redução da rigidez hepática em pacientes com doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD).


A silimarina modula a microbiota intestinal, fortalece o eixo intestino-fígado, sendo opção promissora para o manejo da fibrose hepática em doenças hepáticas ligadas à disfunção metabólica.




O problema

A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD) é um dos principais subtipos da doença hepática gordurosa não alcoólica, representando carga significativa para a saúde pública global, com prevalência estimada entre 25% e 30% da população mundial.


MASLD está fortemente associada à síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, além de ser uma causa primária de cirrose e carcinoma hepatocelular (HCC). Embora mudanças no estilo de vida e perda de peso sejam os pilares do manejo de MASLD, a adesão a essas intervenções é desafiadora, e até o momento, não existem terapias farmacológicas aprovadas para essa condição.


Recentemente, o interesse por compostos bioativos de origem natural, como a silimarina, tem aumentado devido ao seu perfil de segurança e seus múltiplos mecanismos de ação. Derivada do cardo-mariano (Silybum marianum), a silimarina tem sido usada tradicionalmente no tratamento de doenças hepáticas. Diversos estudos experimentais e alguns ensaios clínicos sugerem que a silimarina pode ter efeitos hepatoprotetores, sendo eficaz em condições como hepatite viral, cirrose, lesão hepática induzida por álcool e outras doenças hepáticas gordurosas. Entre suas ações biológicas propostas estão efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes, antifibróticos, antivirais e a capacidade de sensibilização à insulina1.


cápsulas de medicamento

A eficácia da silimarina no tratamento de MASLD ainda é incerta devido à sua baixa biodisponibilidade e à falta de estudos clínicos que avaliem seus efeitos isolados. Muitos estudos combinam silimarina com outros ingredientes, dificultando a avaliação precisa de seu impacto.


A interação entre silimarina e a microbiota intestinal é promissora, mas ainda pouco investigada. A microbiota tem papel fundamental na modulação de várias doenças metabólicas, e há evidências que sugerem que compostos como a silimarina, podem ter suas propriedades terapêuticas moduladas pela microbiota intestinal1.


Este paper aborda um estudo que avalia a eficácia da silimarina na redução da rigidez hepática em pacientes com MASLD, além de explorar preliminarmente seu impacto sobre a microbiota intestinal, oferecendo novas perspectivas sobre o potencial terapêutico dessa substância1.


prancheta e lupa para investigação

Tipo de estudo: Ensaio clínico randomizado, duplo-cego e placebo controlado.

Questão da Pesquisa (PICO)

ícone de pessoas de diferentes idades e gêneros

População: 83 participantes, com idade entre 18 e 85 anos, diagnosticados com MASLD. Os critérios de inclusão exigiam que os participantes apresentassem rigidez hepática ≥ 7,3 kPa ou CAP ≥ 238 dB/m (medido por FibroScan), consumo de álcool ≤ 140g/semana para homens e ≤ 70g/semana para mulheres, e disposição para manter regime alimentar e exercícios consistente durante o estudo.

ícone de cápsulas de medicamento

Intervenção: A intervenção consistiu na administração de silimarina (dosagem dividida em 4 comprimidos: 2 com café da manhã e 2 com jantar) durante um período de 24 semanas. | Comparação: O grupo controle recebeu cápsulas placebo, administrado nas mesmas condições.

ícone de prancheta com checklist de resultados

Outcomes: O desfecho primário foi a saúde hepática, incluindo a rigidez hepática (medida por FibroScan) e a esteatose hepática. Os desfechos secundários incluíram fatores de risco metabólicos, como composição corporal, pressão arterial, perfis glicêmicos e lipídicos, inflamação e capacidade antioxidante. A análise da microbiota intestinal foi feita por sequenciamento de 16S rRNA a partir de amostras fecais, visando entender sua relação com a eficácia da silimarina.

Referência: Lipids Health Dis. 2024 Aug 3;23(1):239. doi: 10.1186/s12944-024-02220-y.

Resultados1:

  • No grupo de intervenção, houve redução significativa na rigidez hepática (LSM), após 24 semanas de tratamento em comparação ao grupo placebo (p = 0,015), sugerindo que a silimarina pode desempenhar papel importante na redução da fibrose hepática em pacientes com MASLD;

  • Além disso, observou-se redução significativa nos níveis de gama-GT no grupo silimarina, em contraste ao aumento observado no grupo placebo. A redução dos níveis de gama-GT é relevante, pois esse marcador é frequentemente associado à função hepática e inflamação;

  • Outro achado importante foi a melhora nos níveis de apolipoproteína B (ApoB) no grupo silimarina, que apresentou redução significativa em comparação ao grupo placebo. Essa alteração indica possível efeito positivo da silimarina na regulação dos lipídeos plasmáticos;

Efeitos da silimarina na rigidez hepática, gama-GT e ApoB após 24 semanas de tratamento.


Parâmetros

Placebo

Silimarina

p

Interpretação

Rigidez Hepática (LSM)

+0,41 ± 0,17 kPa

-0,21 ± 0,17 kPa

0,015

Redução significativa com silimarina

Gama-GT (U/L)

+1,23 ± 3,16

-8,21 ± 3,01

0,042

Redução significativa com silimarina

ApoB (g/L)

+0,07 ± 0,03

-0,02 ± 0,03

0,023

Melhora significativa no perfil lipídico

  • Após o tratamento com silimarina, houve aumento significativo na diversidade da microbiota intestinal, especialmente com o enriquecimento da família Oscillospiraceae. Essa família está associada a benefícios para a saúde intestinal, como a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que podem modular a inflamação e melhorar a função hepática, sugerindo efeito positivo da silimarina na microbiota e saúde do fígado;


  • A composição corporal, glicemia, lipídeos e inflamação, não apresentaram mudanças significativas com a silimarina. No entanto, sua eficácia na redução da rigidez hepática e modulação da microbiota reforça seu potencial terapêutico em longo prazo.


A suplementação com silimarina pode melhorar a rigidez hepática em pacientes com MASLD, sem efeitos adversos significativos. A redução dos níveis de gama-GT e ApoB, aliada à modulação favorável da microbiota intestinal, destaca a silimarina como potencial terapia complementar no manejo de pacientes com MASLD, especialmente para aqueles em estágios iniciais da doença, com foco na proteção contra a fibrose hepática.

Os resultados reforçam a importância de continuar explorando o papel da microbiota no tratamento de doenças hepáticas, especialmente por meio de compostos naturais, como a silimarina1.


A silimarina, um composto de flavonolignanas extraído do cardo-mariano (Silybum marianum), tem sido amplamente investigada por seus efeitos hepatoprotetores em várias doenças hepáticas, incluindo a MASLD, doenças hepáticas induzidas por álcool, hepatite viral e lesões hepáticas químicas ou por micotoxinas. Seus efeitos protetores no fígado são atribuídos a várias ações biológicas, tais como1:

  • Atividade antifibrótica: Reduz a rigidez hepática, possivelmente inibindo a deposição de colágeno por células estreladas do fígado, o que diminui a fibrose hepática;


  • Modulação da microbiota intestinal: A silimarina aumenta a diversidade microbiana, especialmente enriquecendo a família Oscillospiraceae, influenciando o eixo intestino-fígado e promovendo efeitos hepatoprotetores;


  • Interação com o eixo intestino-fígado: Modula a microbiota intestinal, que, por sua vez, impacta a saúde hepática através de processos metabólicos e imunológicos.


A silimarina demonstra potencial terapêutico ao reduzir a fibrose hepática e modular a microbiota intestinal, fortalecendo o eixo intestino-fígado. Esses mecanismos multifacetados sugerem que a silimarina pode ser opção promissora no manejo de doenças hepáticas, como a MASLD1.



médica preescrevendo receita de medicamento

Aviso: Não se auto medique! É fundamental procurar um especialista para receber a orientação adequada e encontrar o tratamento ideal para a sua situação. Cuide-se!

*Consulte um especialista para orientações sobre dosagem e uso seguro destes medicamentos manipulados!


Cápsula de silimarina

Silibin phospocomplex®

Excipiente para cápsulas qsp

Tomar duas cápsulas ao dia, junto com as refeições (café da manhã e jantar)


* Silibin phosphocomplex® é um complexo de silibina e fosfatidilcolina com maior biodisponibilidade e consequentemente maior eficácia terapêutica da silibina.


----- EXTRA -----

Cápsula de Dapaglifozina

Dapaglifozina

Excipiente para cápsulas qsp

Tomar uma cápsula ao dia.


Estudo demonstrou que o tratamento com dapagliflozina, melhora a esteatose hepática em pacientes com diabetes tipo 2 e DHGNA (doença hepática gordurosa não alcoólica), e atenua a fibrose hepática em pacientes com fibrose hepática significativa.





Literatura consultada:

1. Jin Y, Wang X, Chen K, Chen Y, Zhou L, Zeng Y, Zhou Y, Pan Z, Wang D, Li Z, Liang Y, Ling W, Li D. Silymarin decreases liver stiffness associated with gut microbiota in patients with metabolic dysfunction-associated steatotic liver disease: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Lipids Health Dis. 2024 Aug 3;23(1):239. doi: 10.1186/s12944-024-02220-y.

2. Shimizu M, Suzuki K, Kato K, Jojima T, Iijima T, Murohisa T, Iijima M, Takekawa H, Usui I, Hiraishi H, Aso Y. Evaluation of the effects of dapagliflozin, a sodium-glucose co-transporter-2 inhibitor, on hepatic steatosis and fibrosis using transient elastography in patients with type 2 diabetes and non-alcoholic fatty liver disease. Diabetes Obes Metab. 2019 Feb;21(2):285-292. doi: 10.1111/dom.13520.

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